domingo, 31 de maio de 2009

Dai-me rosas e lírios


Viva como as flores

- Mestre, como faço para não me aborrecer? Algumas pessoas falam demais, outras são ignorantes. Algumas são indiferentes. Sinto ódio das que são mentirosas e ainda sofro com as que caluniam.
- Pois viva como as flores. - advertiu o mestre.
- Como é viver como as flores? , perguntou o discípulo.
- Repare nestas flores.
continuou o mestre, apontando lírios que cresciam no jardim.
- Elas nascem no esterco, entretanto são puras e perfumadas. Extraem do adubo malcheiroso tudo que lhes é útil e saudável, mas não permitem que o azedume da terra manche o frescor de suas pétalas. É justo angustiar-se com as próprias culpas, mas não é sábio permitir que os vícios dos outros o importunem. Os defeitos deles são deles, não seus. Se não são seus, não há razão para aborrecimento. Exercite, pois, a virtude de rejeitar todo mal que vem de fora. Isso é viver como as flores.*


*(Seleção de Zacarias Martins)
Leonardo Vasconcellos - autor (?)
Publicado em: Recanto das Letras em 28/09/2008

A descrição deste blog (abaixo do título) é referente à:
*WILDE, Oscar; SILVA, Fernando Correia da. O Fantasma de Canterville (Romance hilo-idealístico). In: Os melhores contos de Oscar Wilde. São Paulo: Círculo do Livro, [1987]. p. 42.